A trágica morte de Pietra dos Santos Lopes, de apenas seis anos, em Buritama (SP), desencadeou uma investigação policial que culminou no indiciamento de dois médicos por homicídio culposo. A polícia concluiu que a negligência no atendimento da menina, que procurou o pronto-socorro três vezes em menos de 48 horas, foi determinante para o desfecho fatal.
O caso, ocorrido no final de abril, levanta um questionamento doloroso sobre a segurança do atendimento médico: como uma criança pode morrer após buscar ajuda reiteradamente em uma unidade de saúde?
Pietra, moradora de Lourdes, começou a sentir dores intensas na barriga na noite de 28 de abril.
Primeiro Atendimento (Madrugada de 29/04): Os pais levaram Pietra à Santa Casa de Buritama. Ela foi diagnosticada com uma provável virose, medicada e liberada, apesar de continuar vomitando e sentindo dor.
Segundo Atendimento (03h40 de 30/04): Com a persistência dos sintomas, a mãe acionou uma ambulância. No hospital, Pietra recebeu injeção para dor e vômito e teve um exame de raio-x solicitado. Mesmo assim, foi
novamente liberada.
Sinais da alerta ignorados:
Ao retornar para casa após o segundo atendimento, a criança apresentava barriga inchada e lábios arroxeados, sinais claros de que seu estado de saúde era gravíssimo.
Terceira visita e morte
Por volta das 6h de 30/04, Os pais retornaram desesperados ao hospital, mas era tarde demais. Pietra havia falecido.
Causa da Morte e Conclusão Policial: O laudo do Instituto Médico Legal (IML) apontou que a morte foi causada por um Abdome Agudo Vascular. Esta é uma condição grave onde o fluxo sanguíneo para o intestino é bloqueado por uma artéria, levando a complicações fatais. A causa do bloqueio é desconhecida.
A investigação da Polícia Civil focou nas falhas no protocolo de atendimento, indicando que a vida de Pietra poderia ter sido salva se houvesse a atenção devida.
As falhas apontadas incluem: Não realização de anamnese (histórico) completa.
Falta de reavaliação adequada da paciente após a aplicação de medicamentos.
Ausência de solicitação de todos os exames de imagem necessários, apesar da persistência dos sintomas graves.
Consequências e Próximos Passos: O caso gerou forte comoção e levou a Prefeitura de Buritama a decretar intervenção na Santa Casa da cidade.
Com a conclusão do inquérito policial e o indiciamento dos dois médicos por homicídio culposo (quando não há intenção de matar, mas há negligência), o caso agora segue para o Ministério Público (MP). Caberá ao MP decidir se oferece a denúncia formal à Justiça contra os profissionais de saúde. Até o momento da última apuração, a defesa dos médicos indiciados não havia se manifestado publicamente sobre as acusações.