Por Rodrigo Viga Gaier – Agência Reuters
Rio de Janeiro, 11 de novembro de 2025
A inflação ao consumidor no Brasil desacelerou em outubro, registrando a menor alta para o mês desde 1998, segundo dados divulgados nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado foi influenciado principalmente pela queda nos preços da energia elétrica, enquanto os custos de alimentos e bebidas se mantiveram praticamente estáveis.
IPCA abaixo do esperado
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,09% em outubro, após avanço de 0,48% em setembro.
No acumulado de 12 meses, o indicador ficou em 4,68%, abaixo da previsão de analistas consultados pela Reuters, que esperavam alta de 0,16% no mês e 4,75% no ano.
Apesar da desaceleração, o resultado ainda supera o centro da meta de inflação do Banco Central, de 3% ao ano, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual.
Energia elétrica puxa índice para baixo
O principal impacto negativo veio da energia elétrica residencial, com queda de 2,39% no mês, o que reduziu o IPCA em 0,10 ponto percentual.
A redução está ligada à mudança da bandeira tarifária vermelha patamar 2 para o patamar 1, que diminuiu o custo para os consumidores — de R$ 7,87 para R$ 4,46 por 100 Kwh.
Alimentos estáveis após meses de queda
O grupo de alimentos e bebidas, que tem o maior peso no índice, registrou leve alta de 0,01%, interrompendo quatro meses consecutivos de queda.
Segundo o gerente do IPCA, Fernando Gonçalves, a estabilidade reflete uma boa safra agrícola, mas o período de forte contribuição negativa “já ficou para trás”.
Entre os nove grupos pesquisados, três tiveram variação negativa:
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Artigos de residência (-0,34%)
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Habitação (-0,30%)
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Comunicação (-0,16%)
No lado das altas, o destaque foi o grupo vestuário, com avanço de 0,51%.
Inflação de serviços acelera
A inflação de serviços subiu de 0,13% em setembro para 0,41% em outubro, pressionada por aumentos em:
Passagens aéreas (+4,48%)
Aluguel residencial (+0,93%)
Alimentação fora de casa (+0,46%)
De acordo com o IBGE, essa elevação pode estar relacionada à maior demanda em um cenário de mercado de trabalho aquecido e aumento da renda.
Expectativas do mercado
O economista-chefe do Banco Bmg, Flávio Serrano, avaliou que o resultado confirma o processo gradual de desaceleração da inflação, embora de forma mais lenta no setor de serviços.
“Acho que o Banco Central pode cortar a Selic em janeiro, mas não apenas por causa do IPCA de hoje. O cenário continua evoluindo favoravelmente”, afirmou Serrano.
Perspectivas
O IBGE destacou que a queda recente da gasolina, registrada a partir de 21 de outubro, deve ter efeito maior nos índices de novembro.
Além disso, ao contrário de 2024, não há previsão de fortes pressões sobre alimentos como carne e café até o fim do ano.
Resumo: a inflação brasileira segue em trajetória de desaceleração, sustentada pela queda nos custos de energia e estabilidade dos alimentos, reforçando a expectativa de um cenário mais estável para a política monetária nos próximos meses.