Por Redação – Brasília
O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) respondeu nesta segunda-feira (10) às declarações do banqueiro André Esteves, fundador e presidente do conselho do BTG Pactual, que afirmou que o Bolsa Família “cresceu demais” e se tornou “desproporcional” em relação à economia brasileira.
As críticas foram feitas durante um evento do Milken Institute, em São Paulo, onde Esteves defendeu a necessidade de ajustes fiscais e comparou o custo do programa social brasileiro aos de países europeus.
“O Brasil precisa de um ajuste de 2% do PIB para reduzir juros e equilibrar as contas públicas”, declarou o banqueiro, que ainda ironizou o Banco Central, dizendo que a instituição “age como um agente de inteligência artificial” por seguir modelos matemáticos rígidos.
Boulos reage nas redes sociais
O parlamentar não deixou as declarações passarem em branco. Em suas redes, Boulos ironizou o discurso de Esteves e apontou a contradição entre as críticas ao Bolsa Família e os lucros recordes do sistema financeiro.
“André Esteves, do BTG, reclamou que o Bolsa Família cresceu demais.
Lucro dos bancos: R$ 114 bilhões (só dos quatro maiores), crescimento de 24% no ano passado.
Juros do cartão de crédito: 451% ao ano, o maior do planeta.
Esses ele não diz que cresceram demais.
A maioria dos bilionários tem povofobia”, escreveu o deputado.
A publicação rapidamente viralizou e gerou ampla repercussão nas redes sociais, com defensores do programa social e críticas à concentração de renda no setor financeiro.
Dados do governo mostram redução no número de beneficiários
Enquanto Esteves afirma que o programa “cresceu demais”, dados oficiais do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social indicam o contrário: cerca de 2 milhões de famílias deixaram o Bolsa Família em 2025, o maior número desde o relançamento do programa no governo Lula.
De acordo com o ministério:
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1,3 milhão de famílias saíram por ultrapassar o limite de renda;
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726 mil famílias concluíram o período de transição previsto pela regra de proteção.
Com isso, o Bolsa Família atende atualmente 18,9 milhões de famílias, o menor número desde 2022.
Programa é visto como política de transição
O governo federal reforça que o Bolsa Família é uma política de transição e inclusão social, e não um mecanismo de dependência.
Para o ministério, a redução no número de beneficiários demonstra avanço na geração de emprego e renda, e contradiz o discurso de que o programa teria “se expandido em excesso”.
“O Bolsa Família cumpre seu papel de garantir dignidade e permitir que as famílias conquistem autonomia econômica”, destacou a pasta em nota.
Em resumo: o embate entre Guilherme Boulos e André Esteves reacende o debate sobre prioridades econômicas e desigualdade social no país — contrapondo a visão de parte do setor financeiro à de representantes da esquerda sobre o papel dos programas sociais no desenvolvimento brasileiro.