O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) recebeu uma missão delicada do pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL): conter o irmão, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), cujas declarações recentes têm provocado desconforto e atritos dentro do campo conservador brasileiro.
No último fim de semana, Flávio viajou até Washington (EUA), onde Eduardo vive desde que deixou o Brasil, em fevereiro deste ano. Segundo fontes próximas à família, o objetivo principal da visita foi pedir que o irmão mais novo modere suas declarações públicas e evite novos embates com lideranças políticas de peso da direita.
A movimentação de Flávio reflete a crescente preocupação entre aliados do bolsonarismo, que veem nas atitudes de Eduardo um risco para a reorganização do grupo. O deputado tem usado suas redes sociais para criticar figuras como Ciro Nogueira, presidente do PP; a senadora Tereza Cristina (PP-MS); e até governadores considerados potenciais candidatos à Presidência em 2026.
Essas investidas têm gerado irritação e desgaste entre lideranças partidárias, que enxergam no comportamento de Eduardo um obstáculo para a construção de alianças em um momento crucial do cenário político.
No PL, partido ao qual a família Bolsonaro é filiada, o temor é que as falas do deputado ampliem o isolamento do grupo, afastando possíveis aliados e enfraquecendo a estratégia de consolidar a legenda como principal referência da extrema direita.
Enquanto isso, Republicanos e PP se movimentam para ocupar o espaço deixado pela perda de influência do bolsonarismo, com figuras como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que tem sinalizado a intenção de disputar a reeleição ao Palácio dos Bandeirantes em 2026, em vez de se lançar à corrida presidencial.
Desde que passou à prisão domiciliar, em agosto, Jair Bolsonaro tem se mantido nos bastidores, delegando a articulação política aos filhos. Com maior experiência no Congresso, Flávio assumiu o papel de mediador e articulador, buscando reconstruir pontes com o Centrão e reestruturar a base parlamentar da família.
A orientação do ex-presidente é clara: evitar conflitos internos e priorizar a unidade da direita. No entanto, Eduardo tem seguido caminho oposto, com publicações e discursos que acentuam divisões e dificultam a retomada de alianças estratégicas.
Durante a reunião em Washington, os irmãos também trataram da aproximação recente entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o Presidente americano Donald Trump, movimento que teria causado preocupação no grupo bolsonarista. Eduardo, segundo relatos, minimizou o tema e afirmou que a direita norte-americana “segue alinhada aos ideais bolsonaristas”, apesar dos contatos entre Lula e Trump.
O blogueiro Paulo Figueiredo, que participou do encontro, negou ter recebido qualquer orientação para mudar o tom de suas postagens. Já Flávio e Eduardo Bolsonaro preferiram o silêncio quando questionados sobre o conteúdo da conversa.
Enquanto isso, o campo conservador brasileiro enfrenta mais uma crise interna, com Eduardo Bolsonaro novamente no centro das tensões políticas que podem definir o futuro da direita nas eleições de 2026.