Durante o Encontro Nacional do Partido Comunista do Brasil (PCdoB), realizado na manhã desta sexta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez um discurso em defesa da soberania dos povos latino-americanos, com menções diretas a Cuba e Venezuela.
Embora não tenha citado nominalmente o presidente norte-americano Donald Trump, Lula enviou um recado claro aos Estados Unidos, ao criticar o aumento da pressão militar no Caribe e as recentes ações de Washington contra o governo venezuelano.
— Todo mundo diz que a gente vai transformar o Brasil na Venezuela. O Brasil nunca vai ser a Venezuela, e a Venezuela nunca vai ser o Brasil. O que defendemos é que o povo venezuelano é dono do seu destino, e não é nenhum presidente de outro país que tem que dar palpite de como vai ser a Venezuela ou Cuba — afirmou Lula, sendo aplaudido pelos militantes presentes.
O pronunciamento ocorre um dia após Donald Trump confirmar que autorizou a CIA a conduzir operações secretas para derrubar o governo venezuelano, o que foi classificado por observadores internacionais como uma violação do direito internacional e da Carta das Nações Unidas (ONU).
DEFESA DE CUBA
Lula também criticou a decisão dos Estados Unidos de manter Cuba na lista de países que supostamente patrocinam o terrorismo.
— O que nós dizemos publicamente é que Cuba não é um país de exportação de terroristas. Cuba é um exemplo de povo e dignidade — destacou o presidente brasileiro.
Desde a década de 1960, os Estados Unidos impõem um embargo econômico e financeiro à ilha caribenha, dificultando suas relações comerciais e o acesso a bens essenciais. No atual mandato de Trump, as sanções foram reforçadas, incluindo ameaças a países que contratam médicos cubanos, uma das principais fontes de receita da nação.
TENSÃO NO CARIBE
Segundo analistas internacionais, as tensões no Caribe aumentaram após o envio de tropas, navios e aviões de guerra norte-americanos à região sob o pretexto de combater o tráfico de drogas na Venezuela. Relatórios independentes apontam que as forças armadas dos EUA já teriam realizado seis ataques a embarcações, resultando em aproximadamente 30 mortes.
O governo de Nicolás Maduro denunciou as ações ao Conselho de Segurança da ONU, afirmando que Washington tenta promover uma “mudança de regime” no país. Especialistas em geopolítica ressaltam que o interesse norte-americano na Venezuela está ligado às imensas reservas de petróleo, as maiores do planeta.
CONTEXTO REGIONAL
A ofensiva norte-americana reacende o debate sobre intervenções estrangeiras na América Latina, um tema que remete ao período da Guerra Fria, quando os Estados Unidos apoiaram golpes e ditaduras militares no continente.
Para Lula, o momento exige solidariedade entre os povos latino-americanos e respeito à autodeterminação das nações. O discurso do presidente brasileiro reforça a posição diplomática histórica do Brasil de buscar soluções pacíficas e diálogo entre países vizinhos, sem interferências externas.