O ex-chanceler Celso Amorim, assessor especial da Presidência para Assuntos Internacionais, criticou duramente a ameaça do governo Donald Trump de impor uma tarifa de 50% às exportações brasileiras, classificando a ação como uma interferência externa sem precedentes — “nem em tempos coloniais”. Em entrevista ao Financial Times, Amorim afirmou que nem a União Soviética teria ousado algo semelhante.
Segundo ele, a imposição de tarifas, justificada por Trump como resposta à suposta perseguição judicial contra Jair Bolsonaro, representa uma chantagem e tentativa de influenciar a política interna brasileira em favor de seu aliado.
Amorim reiterou o compromisso do Brasil com os Brics e destacou que o bloco não tem caráter ideológico, sendo uma alternativa à dependência de qualquer potência. Ele também cobrou a ratificação do acordo Mercosul–União Europeia e informou sobre o interesse do Canadá em negociar um tratado de livre comércio com o Brasil.
O assessor negou que a China, principal parceiro comercial do Brasil, esteja sendo favorecida com as tensões com os EUA e reforçou que o país busca diversificar suas relações globais.
As falas de Amorim ocorrem em meio a um cenário de isolamento diplomático com os EUA. O presidente Lula lamentou a ausência de diálogo com Trump e disse estar aberto à negociação, delegando ao vice-presidente Geraldo Alckmin a missão de conduzir conversas comerciais. Governadores como Tarcísio de Freitas, Caiado e Ratinho Jr. criticaram a condução da política externa do governo federal e a retórica sobre desdolarização, destacando a importância da relação comercial com os EUA.
Por: MSN